BRASÍLIA – No dia 1 do novo governo, enquanto o presidente petista ficou trancado do Itamaraty recebendo chefes de Estado estrangeiros que vieram para sua posse, 19 ministros assumiram seus postos com novas promessas de revogaço, tentativas de aceno ao mercado que não convenceram e uma demissão em massa de servidores que ocupavam postos de comando na gestão Bolsonaro.
Logo cedo, o Diário Oficial, em edição extra, listava em 15 páginas os primeiros demitidos do governo Lula. A gestão petista mirou em todos os postos de alto escalão. Foram exonerados quem não tinha vínculo com o funcionalismo e dispensados da função servidores de carreira que galgaram os cargos de confiança no governo do antecessor.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro bilateral com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Foto: Wilton Junior / Estadão
Ao longo de todo o dia, ministros da nova gestão apresentaram-se em solenidades de posse. Dos 37 nomeados, 19, assumiram no primeiro dia. Mais posses ocorrerão nos próximos dias. A seguir veja como foi o dia de estreia do governo Lula:
Revogaço de armas
Decreto assinado pelo presidente Lula impôs pesadas restrições aos colecionadores, atiradores e caçadores, os chamados CACs. As normas regras acabaram com a prática do “tiro recreativo”, que permitia a qualquer pessoa, mesmo sem porte ir fazer disparos em clube de tiro.
Revogaço de armas saiu da pasta de Flávio Dino, novo ministro da Justiça. Foto: Mauro Pimentel / AFP
As promessas de Haddad
O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez discurso prometendo não fazer aventuras e rever assim que possível a regra de teto de gastos. O mercado reagiu com desconfiança, diante de um perfil mais intervencionista na economia. A bolsa caiu e o dólar subiu.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu não ser um aventureiro no cargo Foto: Wilton Junior/ Estadão
Demissões em massa
Diário Oficial publicou a exoneração ou dispensa de 1.204 servidores ocupantes de funções de confiança na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A lista vai de chefes na área econômica aos presidentes do Ibama e Icmbio, no setor ambiental do governo federal.
Reconstruir pontes com agronegócio
Carlos Fávaro assumiu o Ministério da Agricultura pregando a aproximação do governo Lula com o setor agrário. Falou em reconstruir pontes com a área que, no período eleitoral, deu indicações de preferir a reeleição de Jair Bolsonaro.
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Flávio Dino cogita pedir a federalização da investigação do caso Marielle Franco Foto: Reuters
Inquéritos revistos e o caso Marielle
Ao tomar posse, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a Polícia Federal deve rever os inquéritos sobre atos antidemocráticos. Prometeu abrir novas frentes de investigação se encontrar falhas no que foi apurado até agora. Também cogitou federalizar a investigação do assassinato de Marielle Franco.
Revogaço ideológico na saúde
No Ministério da Saúde, Nísia Trindade, disse que será preciso revogar atos da Pasta contaminados pela ideologia. Segundo ela, continuará em vigor o que for baseado em ciência.
O fim da Funasa
O governo Lula decidiu extinguir a Fundação Nacional da Saúde (Funasa). O órgão que sempre foi disputado por partidos do Centrão terá suas funções redistribuídas entre duas Pastas: Saúde e Cidades. Caberá o MDB assumir o controle de obras em saneamento, maior fatia do orçamento da fundação.
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Marina põe fim a ato de Salles
A nova ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, extinguiu processo de conciliação de multas ambientais criado pelo então ministro Ricardo Salles. A gestão petista alega que o sistema não deu certo e havia um passivo de multas com risco de prescrever por falta de análise dos casos.
Marina Silva revogou atos do governo Bolsonaro que permitiam conciliação de multas ambientais Foto: Sergio Lima / AFP
Porta aberta para ouvir a oposição
Alexandre Padilha assumiu como ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), pasta responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso, prometendo ouvir a oposição. Na solenidade repleta de políticos, o presidente da Câmara, Arthur Lira, foi vaiado.
Bolsonaro vira retrato em branco-e-preto
Agora, dono do título de ex-presidente, Jair Bolsonaro entrou para a galeria de fotos em preto e branco no Palácio do Planalto. Pelas regras da presidência, foto colorida, só do atual ocupante do cargo.
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Foto de Jair Bolsonaro na galeria de ex-presidentes do Planalto