Como paixão por crossfit pode transformar lateral do Corinthians em atleta de fisiculturismo Globo

Como paixão por crossfit pode transformar lateral do Corinthians em atleta de fisiculturismo Globo
Nem treinador, nem diretor e muito menos atleta aposentado. O futuro de Rafael Ramos, lateral-direito do Corinthians, está na academia. Ou, melhor ainda, nos palcos! O jogador de 28 anos é apaixonado por crossfit e, em entrevista ao ge, disse cogitar se tornar atleta de fisiculturismo.
Atualmente, Rafa, como é chamado pelos amigos, cultua um corpo atlético com apenas 8% de gordura e usa diariamente as dependências e os profissionais do CT Joaquim Grava para manter a sua forma física acima da média.
Rafael Ramos, em treino na academia do CT do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians
Ao ge, o português de 28 anos contou como precisou decidir em três dias uma “simples” mudança de continente para chegar ao Brasil e brigar por uma vaga no time com Fagner, e detalhou como o interesse pela modalidade da musculação pode lhe render outro emprego.
– Fisiculturismo é algo que, depois do futebol, se calhar, eu vou pensar. É algo que eu gosto bastante, preciso. Se eu parar o futebol, não vou parar de treinar. Se calhar, vou pensar. O Hugo já participou em competições de fisiculturismo. Ele admira bastante o que eu faço, eu admiro ele… Se calhar, quem sabe – ponderou Rafael.
Lateral do Corinthians, Rafael Ramos é fã de academia e crossfit; veja o treino do jogador
Hugo, citado pelo jogador, é Hugo Duarte, seu personal trainer português, que mora em Lisboa, mas o auxilia à distância e cultiva uma amizade de longa data. Os dois estudaram juntos no passado e têm o mesmo interesse pelo crossfit. Hugo já participou de torneios de fisiculturismo.
E, para o personal, Rafael vai precisar de muita dedicação para subir aos palcos e mostrar resultado. Os 8% de gordura podem parecer pouco, mas um atleta da modalidade tem um teor ainda mais baixo.
– No futuro, se ele quiser dar esse passo, já está muito mais perto do que quem não faz esses treinos. Eu participei uma vez. Já faz uns quatro anos. Não é qualquer pessoa que gosta que vai e consegue. É preciso muita determinação, vigor. A rotina diária muda para chegar no palco com a melhor superfície possível. Menos gordura, muito mais músculo e também se sentir à vontade pra mostrar isso ao público. Pra isso, é preciso, por exemplo, contar calorias, fazer treino diário, os cardiovasculares também, e seguir esse método como se fosse uma religião. Precisa de muito rigor. Só mesmo quem encara como um esporte para chegar ao palco e mostrar o resultado final – ponderou o treinador.
Rafael Ramos, lateral-direito do Corinthians, em treino de Crossfit em Portugal — Foto: Instagram/Reprodução
Em um bate-papo informal com a reportagem do ge, Hugo “entregou” que o amigo usa as férias para “ganhar força”. Para Rafael Ramos, é uma questão de necessidade estar sempre treinando e com o dever cumprido nesse sentido. Mas não só. A questão estética também entra em conta.
– Antes, quando eu era bem jovem, eu treinava à noite quando estava na escola ainda, com 14, 15 anos. Quando saía da escola, tinha um tempo livre. Comecei a me interessar por isso. Na academia, eu era um dos mais jovens de altura. Depois, o Hugo começou a se interessar bastante. Comecei a trazê-lo comigo. Foi um hábito que nós ganhamos da academia. Tem a parte estética, física. E eu gostava bastante – completou o lateral.
Os treinos mais pesados, é claro, ficam para as férias. Durante a temporada de futebol, é muito difícil manter a intensidade de atividades. Mesmo assim, segundo o jogador, é importante para se afastar de problemas físicos.
– Agora também com o futebol é muito importante essa preparação extra, pra prevenir muitas lesões. Ajuda muito. Quando eu estou fora e de férias, é uma necessidade pra mim. Eu preciso treinar, senão o dia foi inútil. Sinto que perdi um dia. É importante pra minha saúde mental e física, mesmo de férias. Claro que eu aproveito alguns dias pra descansar. Mas depois já voltava o treino.
– Pra prevenir lesões, ajuda muito. Tive algumas lesões no passado, continuo a ter porque é normal pro jogador. Mas eu preparo meu psicológico. Eu faço meu trabalho o melhor que posso, porque quando acontece alguma coisa, eu sei que não foi erro meu. Que eu estava preparado e não foi meu erro. Pancadas, movimentos estranhos no corpo, acontecem muito no futebol, mas o que eu posso fazer pra evitar ao máximo isso e ficar com consciência tranquila de que eu preveni uma lesão, eu faço.
Rafael Ramos, em treino do Corinthians no CT Joaquim Grava — Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians
– Durante o ano de jogos, é uma manutenção. Tem que se manter, não dá pra parar, mas também não dá pra fazer muita força porque leva muito pra recuperar, dois, três dias, e já tem jogo.
Rafael mora em São Paulo com a namorada e os dois cachorros, um Pinscher miniatura e um Lulu da Pomerânia. A mudança para o Brasil foi definida em três dias, segundo ele, que conhecia o Timão de jogar no videogame e acabou se surpreendendo com o que encontrou.
– O primeiro impacto… eu tive que decidir em dois, três dias sobre a proposta do Corinthians. Teve que ser uma decisão bem rápida. Falei com minha família e foi o que eu falei: não estava à espera de vir pra cá, porque nunca esperei receber uma proposta. Tendo em conta que estava aqui nosso treinador que era português, surgiu a oportunidade. Em termos profissionais e de condições de trabalho, é um dos melhores lugares do mundo.
– Eu já conhecia o Corinthians desde criança. Nos videogames e tudo isso. Já tinha noção da dimensão. Mas quando eu cheguei, claro que a realidade é diferente. E foi bem maior do que eu estava esperando. A paixão do torcedor me impressionou bastante, eles vivem pelo clube – ponderou.
Rafael Ramos, lateral do Corinthians, em treino de Crossfit em Portugal — Foto: Instagram/Reprodução
Confira mais da entrevista exclusiva com Rafael Ramos, lateral-direito do Corinthians:
“Última vez que falei com Vítor Pereira foi no fim da temporada, mas não me sinto largado…”
ge.globo: Você estava no Santa Clara, de Portugal, até o Corinthians te procurar a pedido do ex-técnico Vítor Pereira. Vocês conversaram após ele trocar o Timão pelo Flamengo? De alguma forma se sentiu abandonado aqui?
Rafael Ramos: – Última vez que falei com ele foi quando acabou a temporada. Nos despedimos, desejei a melhor sorte pra ele pessoal, pra família dele, e profissional. E foi isso, a última vez que eu falei. Não senti que fui largado. Futebol é assim. As pessoas vêm e vão. Eu me dou bem com toda a gente. Sinto que realmente é uma família. Nos damos bastante bem. Como fui recebido no início, sou tratado até hoje. Não me sinto largado e nem sozinho. Estou com todos e bem. A todos e a toda gente do Brasil foi uma surpresa a mudança para o Flamengo… Mas é um trabalho. Tem muito amor e paixão envolvido, mas no fundo é um trabalho. E acontece isso. Pessoas entram e saem.
Vítor Pereira em Coritiba x Corinthians — Foto: Gabriel Machado/AGIF
Você cita “família” ao se referir ao elenco do Corinthians, mas passou por um momento difícil aqui no Brasil ao ser acusado de injúria racial em caso com Edenilson e estava longe da sua família de fato…
– Foi um episódio muito difícil na minha carreira e na minha vida pessoal. Principalmente porque afetou muito a minha família, porque eles tão longe não conseguem apoiar, saber exatamente. Estar comigo pra me ajudar no dia a dia. Então, afetou bastante a eles e consequentemente, afetou a mim muito. Foi complicado. Desde o início, dei a minha palavra e a minha honestidade. Mantive a consciência tranquila do que tinha acontecido e do que eu fiz. Deixei que as coisas tomassem o rumo normal e que a justiça fosse feita.
Rafael Ramos e Edenilson em Inter x Corinthians — Foto: Reprodução / Premiere
*Nota da redação: Rafael foi acusado por Edenilson, do Internacional, em 14 de maio do ano passado, de cometer injúria racial durante um lance na partida entre os clubes. Em setembro, o lateral do Timão foi absolvido pelo STJD por unanimidade. O Inter recorreu e o caso será julgado pelo pleno da entidade.
Quais as expectativas para a temporada agora com o Fernando Lázaro? Sente que será um ano bom?
– Estou bastante confiante e todos nós estamos bastante confiantes no trabalho individual e coletivo. Vai ser complicado. Ano passado foi complicado, este ano vai continuar a ser complicado. Mas temos objetivos. Ano passado estivemos bastante perto de conseguir um título. É algo que queremos muito este ano com o Corinthians, um título. Todos a rumar na mesma direção, acho que vai ser possível. Mas é preciso muito trabalho e muita dedicação. Estamos preparados para isso.
Acha que terá boas chances de atuar? Como é para você encarar o fato de ser reserva do Fagner?
– Eu encaro bastante bem. É alguém com quem me dou bem. Eu olho e tento aprender todos os dias, porque tem mais experiência que eu e mais tempo de Corinthians. Eu respeito muito o Fagner. E dou sempre o meu melhor. Nos treinos, nos jogos. Isso é bom pra mim, pra ele e pro Corinthians, porque sempre vai ter dois jogadores lutando pela posição. Os dois puxamos um ao outro pra dar o melhor. O importante é estar sempre preparado fisicamente pra quando surgirem as oportunidades. Tem bastante jogos aqui. Nem eu e nem o Fagner vamos conseguir jogar todos os jogos. Tem tempo de recuperação, lesões, suspensões… É importante estarmos os dois bem.
Rafael Ramos em ação em 2023 contra a Inter de Limeira — Foto: Marcos Ribolli
Como está o processo de adaptação ao Brasil?
– O país é bem diferente. A língua. Ajudou porque é a mesma, falamos a mesma língua, o português. Então, já foi uma vantagem que eu tive, em estar tão longe de casa e me sentir perto. Depois, o pessoal do clube, da comissão técnica, a que estava e a que está agora, até os cozinheiros, departamento médico, de comunicação, são todas pessoas simpáticas, acolhedoras. Meus colegas incluídos também. Sempre me ajudaram em tudo o que foi preciso, sabendo que eu estou tão longe de casa. Então, eu falo pra minha família que eu não estava esperando vir pro Brasil e nunca esperei vir pra cá, mas praquilo que eu vim, que é pra trabalhar, eu estou no melhor sítio que eu poderia estar.
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Source: news.google.com